Eu pensei que poderia confiar na minha sogra para cuidar do meu filho enquanto meu marido e eu estávamos na nossa lua de mel. Mas apenas quatro dias depois, recebi uma ligação desesperada do meu pequeno que me fez correr para casa. Eu tive o Liam quando tinha apenas dezoito anos. O pai dele? Sumiu antes mesmo de ele nascer.
Era só nós dois. Eu trabalhava em todo tipo de emprego que conseguia—garçonete, limpando casas, até repondo prateleiras em um mercado durante a noite—qualquer coisa para manter um teto sobre nossas cabeças. Não era fácil. Algumas noites, eu voltava para casa tão exausta que mal conseguia ficar em pé. Mas no momento em que o Liam me envolvia com seus bracinhos, tudo valia a pena.
Então, há alguns anos, conheci o Ethan.
Ele era diferente. Ele me ouvia e nunca me julgava por ser mãe solteira. Ele não via o Liam como um peso. Para ele, o Liam era uma benção. Ele trazia pequenos presentes para o Liam, ficava horas construindo Lego com ele e até aprendeu a fazer panquecas em forma de dinossauro nas manhãs de sábado.
Eu deixei de acreditar que era seguro confiar em alguém.
No ano passado, eu e o Ethan nos casamos. Ele planejou uma lua de mel—uma semana inteira nas Bahamas. Eu estava nervosa por deixar o Liam, mas o Ethan apertou minha mão e sorriu.
“A mamãe vai cuidar dele. Ela adora o Liam. Você confia em mim, né?”
Eu hesitei. A Angela, mãe do Ethan, parecia ser legal. Um pouco antiquada, talvez, mas nada que levantasse bandeiras vermelhas.
“Sim,” eu finalmente disse. “Eu confio em você.”
Então, fiz as malas, beijei o Liam e fui. Quatro dias depois, meu telefone tocou. Era o número da Angela.
Eu sorri e atendi, esperando uma atualização animada. Mas a voz do outro lado? Pequena. Trêmula. Apavorada.
“Mãe, não faça isso comigo!” Liam sussurrou.
Meu coração parou.
“Liam? Querido, o que aconteceu?” Eu me sentei tão rápido que os lençóis do hotel se embolaram em minhas pernas.
“A dona Kim disse que você vai me dar para adoção se eu não obedecer e assistir a desenhos.”
Meu estômago se revirou.
“O quê?” Minha voz saiu mais alta do que eu queria. “Quem te disse isso?”
“Vovó… e a dona Kim,” ele soluçou. “Elas disseram que eu devia me acostumar a não ter mais uma mãe em breve.”
Eu segurei o telefone com tanta força que meus dedos doíam.
“Isso não é verdade,” disse firme. “Eu nunca—nunca—te deixaria. Está me ouvindo?”
O Liam fez um som de soluço. “Então por que elas disseram isso?”
Eu não conseguia respirar. Minha visão ficou embaçada de raiva.
“Coloca a vovó no telefone,” falei entre os dentes cerrados.
O Liam soluçou novamente. Ouvi o telefone ser movido. Um segundo depois, a voz da Angela apareceu, leve e descontraída, como se nada estivesse errado.
“Oh! Você voltou cedo—”
“ONDE ESTÁ O LIAM?”
As sobrancelhas dela se levantaram, mas ela não parecia nem um pouco preocupada. Se algo, parecia até se divertir.
“Ele está lá em cima, tirando uma soneca,” ela disse calmamente. “Ele estava tão difícil no começo, mas não se preocupe—eu ensinei ele a se comportar.”
Eu não esperei ouvir mais nada. Corri escada acima, meu coração batendo forte nos ouvidos.
Quando cheguei à porta do Liam, não bati. Empurrei a porta com força, minha respiração falhando assim que o vi.
Ele estava encolhido no canto da cama, os joelhos puxados para o peito, segurando o coelhinho de pelúcia como se fosse a única coisa que o mantinha seguro. Seu corpo pequeno tremia, o rosto pressionado contra o travesseiro.
“Liam,” eu sussurrei.
A cabeça dele se ergueu. Seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas se fixaram nos meus.
“Mãe!”
Ele saltou da cama e se lançou em meus braços, me envolvendo tão forte que eu podia sentir o coraçãozinho dele batendo rápido contra o meu peito.
“Eu não queria ter sido ruim!” ele soluçou. “Por favor, não me deixe!”
Lágrimas queimaram meus olhos. Eu o segurei perto, balançando-o suavemente, beijando seu cabelo molhado. Virei e olhei nos olhos da Angela, que estava na porta. Todo o meu corpo queimava de raiva.
“Explique,” eu disse, minha voz trêmula. “Agora.”
Angela soltou um suspiro dramático, cruzando os braços sobre o peito. “Ah, pelo amor de Deus, pare de agir como se eu tivesse batido nele.”
Eu apertei mais forte o Liam. Seus dedos ainda se agarravam à minha camisa, como se ele achasse que eu fosse desaparecer se ele soltasse. Meu maxilar estava tão tenso que doía.
“Você disse ao meu filho que eu o daria para adoção,” falei, a voz baixa e trêmula. “Você fez ele acreditar que eu não o queria. Você deixou ele chorar até dormir, pensando que estava sozinho nesse mundo.”
Angela fez um gesto desdenhoso. “Um pouco de medo nunca fez mal a ninguém. Ensina respeito às crianças. Se eles não aprenderem cedo, vão crescer fracos.”
Meu estômago se revirou. Respirei fundo, tentando manter a voz estável. “Você não assusta crianças para elas obedecerem. Você as ama. Você as protege.”
Ela fez um som de desdém. “Não foi assim que fui criada, e eu me saí bem.”
Eu a encarei, vendo-a de verdade pela primeira vez. Fria. Insensível. Tão convencida de que estava certa que nem percebeu o mal que fez.
Atrás de mim, passos ecoaram.
Ethan.
Ele deve ter ouvido a última parte da nossa conversa, pois seu rosto estava pálido, as mãos apertadas ao lado do corpo. Ele olhou para sua mãe, depois para o Liam, que ainda estava tremendo nos meus braços. O corpo dele ficou rígido.
“Mãe…” A voz dele estava apertada e controlada, como se estivesse segurando uma tempestade de emoções. “Me diga que isso não é verdade.”
Angela revirou os olhos. “Ah, Ethan, não seja dramático. Isso é apenas educação. As crianças precisam de disciplina, e se um pouco de medo as coloca no caminho certo, que seja.”
Ethan soltou o ar com força, como se tivesse levado um soco no estômago. Ele ficou me encarando por um longo momento, algo em seu rosto mudando.
Então, ele falou.
“Tudo bem,” disse lentamente, a voz calmíssima. “Então não se surpreenda quando colocarmos você em um asilo algum dia. Sabe… só parte de como lidamos com pais difíceis.”
Silêncio.
O rosto da Angela empalideceu. “Com licença?”
Ethan não piscou. “Um pouco de medo constrói caráter, não é? Não deveria experimentar isso também?”
Pela primeira vez, Angela não tinha o que dizer.
Ela abriu a boca, depois a fechou. Uma centelha de dúvida cruzou seu rosto—como se, pela primeira vez, ela tivesse percebido que tinha ido longe demais.
Ethan se virou para mim. “Pegue o Liam. Vamos embora.”
Eu não hesitei.
Eu peguei o Liam e o levei escada abaixo, seus bracinhos ainda em volta do meu pescoço. Ethan veio atrás, silencioso, tenso. Angela nos seguiu, sua voz quebrando enquanto gritava—
“Espere! Ethan, não faça isso. Eu não quis—”
Mas Ethan nem olhou para trás. Saímos pela porta da frente, deixando Angela parada no meio da sala dela, perfeita e impecável.
Por semanas, Angela ligou. Deixou mensagens, mandou recados, até apareceu na nossa porta uma vez, pedindo para ver o Liam.
Ethan ignorou. Eu bloqueei o número dela.
Ela chorou, pediu desculpas e jurou que nunca mais faria isso. Eventualmente, por causa do Ethan, concordamos em deixá-la voltar para nossas vidas, com uma condição. Ela nunca, jamais, ficaria sozinha com o Liam novamente.
Ela concordou, mas as coisas nunca mais foram as mesmas.
O Liam mudou também. Ele se recusava a dormir sozinho. Se eu saísse da sala, mesmo que fosse por alguns minutos, ele entrava em pânico, correndo atrás de mim com lágrimas nos olhos. Todas as noites, ele precisava dos meus braços ao redor dele para se sentir seguro.
Eu me culpava. Confiando na pessoa errada e deixando meu filho nas mãos de quem não merecia. Mas eu prometi a ele que ninguém jamais o machucaria novamente.
E eu cumpriria essa promessa.
Anos depois, uma noite, enquanto eu colocava o Liam na cama, ele me envolveu com seus bracinhos e sussurrou: “Você nunca me deixou. Você cumpriu sua promessa.”
E isso foi o suficiente para mim.