Minha filha de 7 anos se recusou a abrir seus presentes de Natal, dizendo: «Meu avô me contou a verdade sobre minha mãe.”

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Os planos de Carl para um Natal perfeito se desintegram quando sua filha, Lily, se recusa a abrir seus presentes. Abraçando seu coelhinho de pelúcia, ela revela: «O vovô me contou a verdade sobre a mamãe.» A confusão se transforma em fúria quando Carl descobre uma mentira cruel que ameaça desestruturar a confiança de sua filha.

Há algo nas manhãs de Natal que faz tudo parecer mais brilhante, mais quente e talvez até um pouco mais mágico.

Eu podia sentir o cheiro de baunilha e canela no ar enquanto a máquina de waffles chiava atrás de mim. As luzes na árvore piscavam em um ritmo lento e sonolento, seu brilho refletido nos enfeites que Lily e eu havíamos colocado juntos na semana passada.

Abaixei-me perto da árvore, colocando a última caixa sob os galhos mais baixos. A fita vermelha estava perfeita, suas bordas nítidas.

“Perfeito”, murmurei para mim mesmo, inclinando a cabeça para conseguir um ângulo melhor.

Cada presente estava posicionado como se fizesse parte de uma dessas propagandas de catálogo de Natal. Já conseguia imaginar o rosto da Lily quando descesse correndo as escadas, seus olhos brilhando de excitação.

Aquela alegria familiar e incontrolável. Era por isso que eu fazia isso – por isso ficava até tarde embrulhando presentes, assando e tentando preencher as lacunas que a vida às vezes deixava para trás.

Mas algo parecia estranho. Endireitei-me, ouvindo o rangido das escadas ou o som de pequenos pés pulando do último degrau.

Nada. Apenas o zumbido do aquecedor e o suave chiado da música de Natal tocando baixinho na cozinha. Estava quieto demais.

“Lily?” Chamei, olhando para as escadas. Nenhuma resposta. Estranho. Ela normalmente acordava antes de mim no Natal.

Passaram-se quinze minutos, depois trinta. Tirei as waffles da máquina e as coloquei no prato, mas eu não estava mais pensando no café da manhã.

A ansiedade me cutucava na mente. Coloquei a espátula e enxuguei as mãos com um pano de prato.

“Lily?” Chamei novamente, mais alto desta vez, enquanto subia as escadas. O quarto dela ficava no final do corredor, a porta entreaberta. “Você está acordada, bug?” Empurrei a porta devagar.

Ela estava lá, sentada na beira da cama, ainda com seu pijama de pinguins de lã. Seu coelhinho de pelúcia, Buttons, estava caído em suas mãos. Sua cabeça estava inclinada para baixo, o cabelo caindo como uma cortina sobre o rosto.

“Oi”, disse, entrando devagar. “Está tudo bem, docinho?”

Ela não se moveu. Seus dedos mexiam-se na orelha do coelhinho, torcendo-a repetidamente.

“Lily?” Me ajoelhei à sua frente, inclinando a cabeça para capturar seu olhar. Meu coração deu um aperto. Suas bochechas estavam rosadas, não pelo calor, mas pelo tipo de choro silencioso que as crianças tentam esconder. “O que aconteceu, querida?”

Os lábios dela estavam apertados, e ela balançou a cabeça.

“Você não quer ver o que o Papai Noel deixou debaixo da árvore?” Perguntei, forçando um sorriso na voz. “Tem waffles lá embaixo também. Sua favorita — calda de morango e chantilly.”

Os dedos dela pararam de torcer. Ela fungou e olhou para mim, seus olhos brilhando com lágrimas.

“Eu não quero”, disse baixinho. Sua voz estava tão pequena, como um sussurro que quase não conseguia se manter.

Senti meu peito apertar. Isso não tinha nada a ver com waffles.

“Fala comigo, filha.” Sentei ao lado dela, imitando sua postura pequena, com os cotovelos nos joelhos. “O que está acontecendo?”

O lábio inferior dela tremia. Ela olhou para mim, depois para o coelhinho. Ela o puxou para perto e o abraçou forte contra o peito. Por um momento, pensei que ela não fosse dizer nada, mas então ela murmurou: “O vovô me contou a verdade sobre a mamãe.”

As palavras me atingiram como um tijolo no peito. Pisquei, minha mente tentando entender o contexto. “A verdade? O que você quer dizer?”

Os olhos dela piscavam em minha direção, testando minha reação. “Ele disse… ele disse que o Papai Noel não é real, que a mamãe me compra os presentes porque ela se sente mal por estar sempre trabalhando e nunca estar em casa. E que ela não se importa comigo.”

A voz dela quebrou nas últimas palavras, como se fosse fisicamente doloroso dizer isso.

Eu respirei fundo e devagar, tentando manter o rosto calmo.

“Ele disse isso, né?” Meu coração estava batendo forte agora, e não da forma boa como tinha sido na cozinha.

Eu a puxei para meus braços antes que ela pudesse ver a raiva surgindo atrás dos meus olhos. “Isso não é verdade, filha. Nada disso é verdade.” Passei a mão pelas costas dela, sentindo os pequenos tremores da respiração dela.

“Você sabe que sua mamãe te ama muito, né? Mais do que qualquer coisa.”

Ela fungou em minha camisa. “Então, por que ela não está aqui?”

“Porque ela está trabalhando muito para ajudar as pessoas, assim como sempre faz. Mas ela vai voltar mais cedo hoje. Só para você.”

O abraço dela em mim apertou. Beijei o topo da cabeça dela, balançando-a de um lado para o outro como eu fazia quando ela era bebê. Minha mandíbula estava tão tensa que doía, mas eu não me importava. Eu já estava planejando meu próximo passo.

Depois de um tempo, ela se acalmou o suficiente para eu colocá-la de volta na cama. Afastei o cabelo do rosto dela.

“Eu vou ligar para o vovô, tá? Você fica aqui e descansa um pouco.”

Ela assentiu lentamente, abraçando Buttons como um escudo.

Saí do quarto dela e entrei no corredor, fechando a porta suavemente atrás de mim. Meu telefone já estava na minha mão. Rolei até o nome dele, apertei para ligar e ouvi o toque.

Ele atendeu no terceiro toque. “Feliz Natal, filho!” Ele disse, excessivamente animado. “Eu perguntaria pela Sarah, mas imagino que ela esteja trabalhando, como sempre.”

“Sim, ela está trabalhando hoje. Feliz Natal”, respondi, minha voz fria como aço. “Nós precisamos conversar. Como é que você teve a coragem de dizer para a Lily que a Sarah não se importa com ela? Já basta você ter dito que o Papai Noel não é real, mas fazer ela duvidar do amor da mãe dela? Isso é baixo.”

“Olha, eu só estava sendo honesto com ela”, disse meu pai, seu tom defensivo. “Alguém tem que contar a verdade para ela antes que o mundo faça isso.”

“Contar a verdade?” Repeti, minha voz agora mais afiada.

Ele fez um barulho de irritação. “Essa mulher nunca está em casa. Sempre fora salvando estranhos. Que tipo de mãe faz isso?”

Minha respiração ficou lenta e controlada, cada pedaço de mim vibrando de raiva. “Aquele tipo que trabalha doze horas como operadora de 911 para que as pessoas possam sobreviver aos seus piores dias. O tipo que fica até tarde com a Lily fazendo projetos de ciências depois de um turno dobrado.”

“Ela deveria colocar a família em primeiro lugar,” ele resmungou.

Minha voz se elevou, o calor enchendo cada palavra. “Ela coloca! Ela está fazendo turnos extras para ajudar os pais dela em um momento difícil. Você não tem o direito de atacá-la porque não entende isso.”

“Cuidado com o tom, Carl,” ele disparou. “Estou só tentando cuidar da minha neta, e de você também.”

“Não,” disse firmemente, “você não está. Você está cuidando da sua versão antiquada do que uma mãe deveria ser.”

Desliguei a ligação e voltei para a cozinha. Eu tinha um jantar de Natal para preparar para minha família.

Mais tarde, naquele dia, estava na cozinha mexendo o molho quando ouvi a porta da frente range abrir.

“Mamãe!” O grito de Lily veio primeiro, seguido pelo som de seus pezinhos correndo em direção à entrada.

Virei na hora para ver Sarah deixar a bolsa cair e pegar Lily no meio do salto.

“Oh, eu senti tanto a sua falta, filha,” Sarah disse, com os olhos apertados enquanto abraçava Lily com força. “Eu te amo mais que tudo.”

“Eu também, mamãe,” Lily sussurrou em seu pescoço.

Eu as observei da cozinha, sentindo o peso no meu peito finalmente se aliviar.

“Bem-vinda em casa, amor,” disse, me aproximando para abraçá-las. “O jantar de Natal já vai ficar pronto em alguns minutos.”

Sarah sorriu para mim enquanto se inclinava para me dar um beijo rápido. “Obrigado, Carl. Você é o melhor.”

Essa noite, depois que Lily adormeceu, e as louças foram lavadas, sentei-me na beira do sofá, telefone em mãos.

Ele atendeu no segundo toque. “Você está ligando para pedir desculpas, filho?”

“Não,” disse calmamente, mas com firmeza. “Estou ligando para te dizer que, se você fizer minha filha duvidar do amor da mãe dela novamente, você não será bem-vindo nesta casa. Não no Natal. Nem em nenhum outro dia.”

Houve silêncio do outro lado.

“Você me entende?” Perguntei.

“… Eu ouvi você,” ele murmurou.

“Bom,” respondi, e desliguei. Não esperei que ele dissesse mais nada.

Pela primeira vez em muito tempo, senti que tinha feito o certo pela minha família.

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