Quando Mark perdeu uma aposta de aniversário, ele nunca imaginou que um simples corte de cabelo mudaria tudo. Escondida sob anos de cabelos grossos estava uma tatuagem estranha que ninguém, nem mesmo Mark, sabia que existia.
Mark encostou-se na lateral do caminhão, enxugando o suor da testa com as costas da mão. Tinha sido um longo caminho. Dois estados. Quatro entregas. Sem dormir. E agora isto.»Não acredito que perdi essa aposta», murmurou.
«Você acredita», disse Trevor, pulando do carro com um sorriso. «Você disse que rasparia a cabeça se eu batesse em dardos. Eu venci-te. Justo e quadrado.”
Mark gemeu. «Sim, sim. Parabéns a mim.”
O Trevor deu-lhe um tapa nas costas. «É para isso que servem os aniversários—momentos de humildade, grandes risos e decisões terríveis sobre o cabelo.”
«Mais como amigos terríveis», disse Mark com um sorriso.
O Trevor não estava errado. Era o aniversário de 27 anos do Mark e ele não queria uma festa nem um bolo. Ele só queria paz e sossego. Mas Trevor, seu amigo de infância do abrigo, tinha uma maneira de arrastá-lo para idéias selvagens. Elena, a namorada dele, sempre disse que Mark era » de coração mole demais para seu próprio bem.”
«Tem certeza sobre isso?»Mark perguntou, olhando para a porta da barbearia.
Trevor deu de ombros. «Você prometeu. Além disso, é só cabelo. Vais parecer mais duro. Mais misterioso.”
Mark passou a mão pelo seu grosso cabelo castanho. «Gosto do meu cabelo.”
«Você vai gostar mais do seu novo visual», sorriu Trevor. «Vamos lá. Vamos acabar com isso.”
Dentro da loja, o zumbido dos cortadores encheu o ar. Cheirava a champô e pó de talco. O barbeiro, um cara alto na casa dos cinquenta com cabelo salgado e pimenta, deu um aceno a Mark.
«Você é o aniversariante?»o barbeiro perguntou.
«Infelizmente», murmurou Mark.
«Buzz cut, certo?»o barbeiro perguntou.
«Sim», o Trevor entrou. «Tudo desligado. Faça-o brilhar.”
Mark suspirou e sentou — se na cadeira. O barbeiro colocou a capa sobre ele.
O Trevor entregou-lhe uma chávena de chá. «Bebe, amigo. Vais precisar de forças.”
Mark tomou alguns goles. «Obrigado, meu.”
Seus olhos estavam pesados. A cadeira estava quente. O zumbido dos clippers soou como uma canção de ninar. Antes que ele pudesse dizer outra palavra, ele cochilou.
«Ei… Ei, cara … acorde.”
O Mark piscou. Doeu-lhe o pescoço. Sua boca estava seca. Ele olhou para cima e viu o barbeiro olhando para ele.
«O quê?»Mark murmurou.
O barbeiro parecia inquieto. «Você não me contou sobre a tatuagem.”
Mark piscou novamente. «Que tatuagem?”
«Aquele na parte de trás da sua cabeça. Linhas nítidas reais. Como um código de barras. O que significa?”
Trevor riu do canto. «Tatuagem? Ele não tem tatuagem.”
«Não estou brincando», disse O Barbeiro. «Está bem ali.”
Mark sentou-se mais reto. «Não tem jeito. Não tenho tatuagens.”
«Eu vou te mostrar», disse O Barbeiro. Ele pegou um espelho de mão e segurou-o para que Mark pudesse ver a parte de trás de sua cabeça através do espelho maior na parede.
A respiração do Mark apanhou.
Claro como o dia, lá estava. Um código de barras preto. Linhas perfeitas. Números e símbolos por baixo.
«O que…», sussurrou Mark.
O Trevor inclinou-se. «Ok, isso é assustador.”
Mark virou — se para o barbeiro. «É … real?”
«Parece real para mim», disse O Barbeiro. «Já vi muitas tatuagens. Este não é fresco, mas está limpo. Podem ter anos.”
Mark olhou para ele. «Eu nunca vi isso antes. Também nunca o senti.”
Trevor franziu a testa. «Meu. Tens isso debaixo do cabelo este tempo todo?”
«Não sei», disse Mark. «Eu realmente não sei.”
O silêncio caiu sobre a sala.
Mark se levantou, de repente frio. «Eu preciso sair daqui.”
O Trevor seguiu-o até à porta. «Estás bem?”
«Não sei», disse Mark novamente. «Mas eu preciso descobrir o que é isso.”
E com isso, ele entrou na luz fraca da tarde, perguntas correndo em sua mente.
Mais tarde naquela noite, Mark andou pelo chão de seu apartamento, telefone na mão, coração ainda batendo forte em seu peito. Ele não conseguia parar de olhar para a foto. Aquela tatuagem de código de barras—elegante, preta, ousada—estava bem na parte de trás de sua cabeça como se tivesse estado lá a vida toda.
Pelo menos … ele achava que não tinha.
Ele apertou o botão de chamada.
«Trevor», disse ele assim que seu amigo atendeu. «Você precisa chegar aqui. Agora. Tragam a Maya e o José.”
O Trevor bocejou. «É tarde, meu.”
«Apenas venha,» Mark estalou. «Eu acho que isso é sério.”
Trevor fez uma pausa e disse: «Tudo bem, tudo bem. Estaremos lá.”
Menos de meia hora depois, a pequena sala de estar de Mark estava cheia. Maya, de olhos afiados e sempre batendo em seu laptop, já havia começado a examinar a foto. José encostou-se ao batente da porta, calmo como sempre. O Trevor estava a mastigar uma fatia fria de pizza.
Mark levantou o telefone novamente. «Isto. Foi o que o barbeiro viu. O que vi. Eu nem sabia que estava lá.”
Maya ampliou a imagem. «Parece real.”
«Parecia real», disse Mark. «E se não for apenas uma tatuagem? E se for uma mensagem?”
Trevor levantou a testa. «Tipo … uma mensagem de quem?”
Mark hesitou. «Não sei. Os meus pais? Quero dizer, fui deixado num abrigo quando era bebé. Nenhuma Nota. Sem nome. Nada.”
José deu um passo à frente. «Você acha que isso poderia ser uma pista?”
Mark assentiu. «Não consigo parar de pensar nisso.”
A Maya inclinou o ecrã. «Espera aí. Veja os números abaixo do código de barras. Vês isto? Dois pontos … depois dois pontos. Isso não é apenas uma sequência aleatória. Parecem coordenadas GPS.”
O Trevor piscou. «Espera. Tipo, coordenadas reais do mapa?”
A Maya já estava a escrever. «Vamos descobrir.”
Todos se inclinaram enquanto ela conectava os números a uma ferramenta de mapeamento. Um alfinete vermelho apareceu.
«É um lugar na floresta», disse Maya. «A apenas alguns quilômetros daqui. A uma curta distância.”
Mark olhou para a tela, o coração batendo novamente. «Eu quero ir.”
«Agora mesmo?»José perguntou.
«Sim», disse Mark. «Tenho de o fazer.”
Trevor coçou a cabeça. «Bem … se isso se transformar em uma cena de filme assustadora, estou culpando você.”
A Maya fechou o portátil. «Estou dentro.”
José assentiu. «Vamos.”
O ar da noite estava frio e quieto. O caminho que conduzia à floresta estava mal iluminado pela Lua, mas o ponto de GPS no telefone de Mark os mantinha no caminho certo. Cada passo triturava folhas e galhos sob seus pés.
Eles não falaram muito. Os bosques pareciam estar a prender a respiração.
Mark andou rápido, telefone em uma mão, lanterna na outra. Seus pensamentos estavam emaranhados. Isso poderia realmente ser alguma coisa? Uma mensagem? Um pedaço de seu passado finalmente rompendo o silêncio?
«Você está bem, cara?»José perguntou por trás.
Mark assentiu. «Eu só … preciso saber o que está lá fora.”
Após vinte minutos, chegaram a uma pequena clareira. O ar se abriu ao redor deles, espesso de silêncio.
«É isso», disse Maya, verificando seu telefone. «Ponto exato.”
A clareira parecia comum. Erva selvagem. Alguns velhos tocos de árvores. Nada fora do lugar.
«Alguma coisa parece estranha?»Trevor perguntou.
Mark avançou, examinando o chão. Então ele fez uma pausa. «Aqui. A terra está solta.”
Ele caiu de joelhos e puxou uma pequena pá da mochila.
Trevor levantou a testa. «Você trouxe uma pá?”
«Vem com o trabalho», murmurou Mark. «Nunca se sabe quando você vai precisar cavar algo.”
Ele começou a escavar. A sujeira surgiu rápido e seco. Os outros estavam ao seu redor, Lanternas firmes. Cinco minutos depois, a pá bateu com força.
Clunk.
Mark congelou. Ele cavou com mais cuidado agora, varrendo camadas de sujeira até que uma caixa de metal enferrujada apareceu. Ele olhou para ele por um momento.
José aproximou-se. «O que você acha que é?”
«Não sei», sussurrou Mark. «Mas é algo.”
Ele levantou a caixa do chão e a colocou na grama. O grupo deu a volta. As mãos de Mark pairavam sobre o trinco.
Ele respirou fundo e abriu-o. Dentro havia uma nota dobrada.
Ele abriu o jornal lentamente, martelando o coração. Antes que ele pudesse ler uma palavra, Trevor bufou. Então, ele riu.
Não apenas uma risada. Uma risada de barriga cheia que ecoou através das árvores.
Mark olhou para cima, confuso.
«O quê?»ele perguntou.
O Trevor não respondeu. Ele estava rindo demais para falar.
«Leia», disse José.
Mark leu em voz alta:
«FELIZ ANIVERSÁRIO! ISTO É UMA BRINCADEIRA, MANO! NÃO DURMA MAIS NA CADEIRA DO CABELEIREIRO!”
O Mark piscou. Ao lado da nota estava uma garrafa de cerveja de raiz. O seu favorito. Uma navalha descartável. E um pequeno camião de brinquedos azul, do tipo com que costumava brincar no abrigo.
Mark olhou para os itens em silêncio. Em seguida, virou-se lentamente para Trevor.
«Tive a ideia semanas atrás», disse Trevor, duplicado. «Maya ajudou com as coordenadas. José manteve o segredo. A tatuagem falsa? Essa era a minha prima Mel-ela é maquiadora!”
Mark olhou para todos eles. «Você me deu algo para beber na barbearia.”
«Camomila e melatonina», disse Trevor com orgulho. «Coloque você para fora.”
Mark sentou-se na grama, ainda segurando o caminhão de brinquedo. Sua voz estava quieta.
«Eu realmente pensei que ia encontrar algo sobre meus pais.”
O sorriso do Trevor desapareceu. Ele se aproximou e sentou-se ao seu lado.
«Eu sei, meu. Desculpa. Só queria dar-te uma recordação. Algo engraçado. Algo real. Já passámos por tanta coisa.”
José assentiu. «Você tem pessoas agora. Podemos não ser sangue, mas protegemo-lo.”
Mark olhou para a garrafa de cerveja de raiz. Então ele riu—uma risada profunda e cansada. «Vocês são os piores», disse ele, sorrindo.
O Trevor bateu-lhe nas costas. «Feliz aniversário, mano.”