Uma mulher grávida entrou em trabalho de parto enquanto estava a bordo de um avião comercial, o que forçou o piloto a desviar a rota da aeronave, mas não para um aeroporto.
Rose odiava voar. Era uma jovem que nunca tivera a oportunidade de andar de avião durante a maior parte da sua vida. Na verdade, só começou a viajar de avião quando passou a visitar seu marido, Bill, que trabalhava como minerador, indo da sua cidade em Omaha para o Texas.
O trabalho de Bill pagava bem, por isso ele o fazia, mas os separava por muito tempo. Ele ficava fora durante quase todo o ano e só tinha folga entre o Natal e o Ano-Novo. Quando Rose se cansou de passar tanto tempo longe do marido, conseguiu convencê-lo a concordar que ela o visitasse uma vez por mês.
No início, Bill não gostou muito da ideia, mas, no fim das contas, os fins de semana que passavam juntos no pequeno apartamento onde ele morava tornaram-se alguns dos melhores momentos do casamento.
Foi em uma dessas noites românticas que a gravidez de Rose aconteceu. Bill sabia do bebê e mal podia esperar para conhecer seu filho.
Ele até prometeu se aposentar da mineração e começar uma fazenda onde pudessem cultivar e vender produtos. Todos sabiam que os agricultores em Omaha podiam lucrar muito, desde que tivessem experiência, e Bill vinha de uma longa linhagem de fazendeiros.
Certo dia, Rose, já em estágio avançado da gravidez, decidiu viajar para o Texas para ver Bill, mesmo ele pedindo que ela ficasse em casa. Viajar para encontrá-lo nos fins de semana havia se tornado um hábito, e ela não suportava a ideia de não vê-lo naquele fim de semana.
— Você está grávida de nove meses, Rose — ele disse na última vez que conversaram.
— Ah, obrigada por avisar, eu nem tinha percebido que minha barriga começou a crescer há nove meses — Rose respondeu com sarcasmo.
— Você não devia estar se movimentando tanto agora que está tão perto de dar à luz. E mesmo assim quer fazer uma viagem inteira? Isso é um absurdo, querida.
— Eu preciso te ver, estar com você, estou com saudades — Rose murmurou. Ela já havia aceitado ficar em casa por dois meses, mas agora estava decidida.
— Eu sei, amor — ele disse. — Olha, já estamos em setembro. Em dezembro, eu volto para casa e nunca mais precisarei partir. Só tenha paciência, meu bem.
Rose deixou que ele acreditasse que a convencera mais uma vez, mas assim que chegou sexta-feira, ela pegou um voo para o Texas.
Ela o surpreendeu, e mesmo que Bill tenha dito que estava bravo, os dois aproveitaram o tempo juntos.
Na noite de domingo, quando Rose embarcou no avião de volta para Omaha, estava radiante — realmente tinha aproveitado a companhia do marido.
Mas assim que o avião enfrentou turbulência durante a decolagem, ela se lembrou do quanto odiava voar. Não era nada pessoal, ela apenas preferia ter os pés no chão, onde uma possível queda não seria de uma altura tão grande.
Outro forte abalo sacudiu a aeronave, e sua imaginação fértil entrou em ação. Ela pensou em tudo, desde um sequestro aéreo até uma queda do avião, e isso a deixou estressada. Foi enquanto listava mentalmente todas as coisas que poderiam dar errado que sua bolsa rompeu.
Absorvida em seus pensamentos, Rose nem percebeu o que tinha acontecido. Quando sentiu a umidade, ficou vermelha de vergonha, achando que tinha perdido o controle da bexiga. Não lhe ocorreu que sua bolsa estourara, afinal, o parto não estava previsto para acontecer por mais três semanas.
Então, as contrações começaram.
Rose gritou, chamando a atenção da comissária de bordo, que correu para ver o que estava acontecendo.
— Eu vou ter um bebê!! — Rose gritou.
A comissária rapidamente avisou o piloto, que entrou em contato com o aeroporto mais próximo para solicitar permissão para pousar. Enquanto isso, a comissária tentava acalmar Rose entre as contrações.
— Por que você está viajando sozinha grávida? — perguntou a mulher gentilmente.
— Eu estava com meu marido e estou voltando para casa — Rose respondeu.
— Ele deixou você viajar assim? Que irresponsabilidade! — a comissária exclamou. — Ok, você tem algum familiar para quem podemos ligar? Além do seu marido?
— Não, sou órfã — Rose disse.
A comissária notou que Rose estava com febre e ficando cada vez mais fraca, então alertou o piloto de que a situação poderia se tornar perigosa sem um médico a bordo.
O controlador de tráfego aéreo informou ao piloto, chamado Drew, que o aeroporto mais próximo não estava pronto para receber o avião devido às condições meteorológicas.
O tempo estava passando e, em seu estado febril, Rose só conseguiu murmurar o nome do marido. Foi então que Drew decidiu voltar para o Texas.
— Mantenham-na estável por mais trinta minutos — ele ordenou.
Infelizmente, o tempo no Texas também estava ruim, e o aeroporto não autorizou o pouso.
Felizmente, Drew conhecia bem a região e sabia que havia uma pista de pouso abandonada não muito longe dali. O problema era que a pista era curta demais para um avião comercial. Ainda assim, era a única chance de Rose receber ajuda médica a tempo.
— Vamos pousar na pista abandonada — Drew disse ao copiloto, um novato chamado Stan.
— Senhor, com todo o respeito, pousar lá é contra as regras — Stan respondeu.
— Às vezes, para salvar uma vida, é preciso seguir a consciência, não as regras! — Drew rebateu.
Ele pediu à comissária que ligasse para o marido de Rose enquanto a aeronave circulava sobre a pista abandonada, se preparando para a aterrissagem.
Deram voltas uma, duas vezes, cada vez mais próximos do chão. Enquanto isso, Rose estava prestes a perder a consciência por causa da dor.
Quando o avião finalmente tocou o solo, Drew respirou aliviado. O copiloto, que estava a um passo de entrar em pânico, seguiu as instruções e conseguiu completar o pouso com sucesso.
Assim que abriram a porta do avião, uma ambulância com paramédicos e Bill chegou às pressas, seguida por vans da imprensa e moradores que temiam um acidente e vieram ajudar.
Bill carregou sua esposa para a ambulância e correram para o hospital. Tudo o que ele conseguia fazer era rezar para que ela e o bebê ficassem bem.
No hospital, os médicos constataram que Rose estava fraca demais para um parto normal, e uma cesariana foi realizada.
Bill não pôde entrar na sala de cirurgia, mas, após longos momentos de espera, finalmente foi chamado para ver sua esposa e o bebê. Ele não podia acreditar no quão perto esteve de perdê-los.
Naquele mesmo dia, Bill pediu demissão. Quando voltassem para Omaha, seria para ficar.
Ele descobriu o nome do piloto atencioso que arriscou tudo para salvar sua esposa e decidiu nomear seu filho em sua homenagem. Rose concordou.
Ainda assim, ela não voltou a viajar de avião por muitos anos.