«Sempre sonhei que ter um bebê nos aproximaria. Mas a mãe do meu marido tinha outros planos. Ela controlava tudo, e meu marido deixava. Eu tentei estabelecer limites, mas nada me preparou para a traição que me deixou parada na porta com meu recém-nascido nos braços.
Quando descobri que estava grávida, me senti a pessoa mais feliz do mundo. Bill e eu sonhávamos com isso há tanto tempo, imaginando o dia em que finalmente segurássemos nosso bebê nos braços. Mas eu não era a única esperando por essa criança. A mãe de Bill, Jessica, também estava esperando – só que de uma maneira que tornou minha vida insuportável.
Ela nunca gostou de mim, nem ao menos fingiu que gostava. Desde o começo, deixou claro que eu não era boa o suficiente para o filho dela. «Bill merece alguém melhor,» ela dizia, balançando a cabeça sempre que eu estava por perto.
Mas, no momento em que descobriu que eu estava grávida, tudo mudou. E não para melhor. «Você precisa de mim para ir ao médico,» ela dizia, já pegando o casaco antes que eu pudesse protestar.
«Eu sei o que é melhor.»
Quando começamos a preparar a chegada do bebê, ela assumiu o controle totalmente. Ela escolheu os móveis, ignorou minhas escolhas e até declarou: «O quarto do bebê deve ser azul. Você vai ter um menino.»
Era como se o bebê fosse dela, não meu. Ela insistia em se envolver em tudo. Eu apertei a mão de Bill, com o coração batendo forte. Havíamos sonhado com esse momento.
Uma filha. Uma linda menininha. Eu olhei para Bill, esperando que ele compartilhasse minha empolgação.
O rosto dele brilhou de alegria. Mas então eu vi Jessica. A boca dela se contraiu em uma linha fina.
«Você não conseguiu nem dar um filho homem para meu filho,» ela zombou. «Ele precisava de um herdeiro.»
Eu a encarei, com as mãos apertando os punhos. «Um herdeiro para quê? A coleção de videogames dele?» Minha voz saiu mais áspera do que eu queria. «E só para você saber, quem determina o sexo do bebê é o pai, não a mãe.»
Os olhos de Jessica estreitaram. «Isso é uma mentira,» ela disparou. «O seu corpo é o problema! Você não é forte o suficiente. Você nunca foi boa para meu filho.»
A médica tossiu, desconfortável. Uma enfermeira olhou para mim com simpatia. Eu forcei-me a ficar calma, esfregando as têmporas. «Vamos embora, Bill,» murmurei.
Quando chegamos ao carro, eu me virei para ele. «Como ela soube da consulta?»
Bill evitou meu olhar. «Eu falei para ela.»
A raiva borbulhou dentro de mim. «Eu pedi para você não falar! Ela me estressa demais!»
«Ela é a avó,» ele disse.
Eu balancei a cabeça. «E eu sou sua esposa! Eu estou carregando nossa filha! Você não se importa com o que eu sinto?»
«É só ignorá-la,» Bill disse.
Fácil para ele falar. Não era ele quem estava sendo atacada. Não era ele quem estava se sentindo completamente sozinha. Meu próprio marido não me protegeria.
Quando o trabalho de parto começou, a dor me atingiu como uma onda. Minha visão embaçou. Meu corpo tremia. Era cedo demais.
As contrações vieram rápidas e fortes, cada uma roubando meu fôlego. Bill me levou correndo para o hospital, mal conseguimos chegar a tempo.
Enfermeiras me cercaram. As luzes brilhantes queimaram meus olhos. A dor era insuportável.
Eu segurei a mão de Bill, ofegante. «Eu não consigo…»
«Você está indo muito bem,» ele disse, mas seu rosto estava pálido.
Então, tudo deu errado.
Os médicos levaram minha filha assim que ela nasceu. Eu estiquei as mãos para ela, desesperada para segurá-la, para ver seu rostinho. Mas eles não me deixaram.
«Por favor,» eu implorei, minha voz fraca. «Me deem ela.»
«Você está perdendo muito sangue!» gritou uma médica.
O mundo girou. As vozes desapareceram. Então—nada.
Eu não fui a primeira pessoa a segurar minha filha. Quando finalmente recuperei a consciência, meu corpo se sentia como uma casca vazia.
Cada respiração parecia uma batalha, meu peito mal se erguia sob o peso do cansaço. Minha pele estava fria, minhas mãos fracas enquanto eu tentava me mover.
A médica me disse depois que minha sobrevivência foi um milagre. Eles não esperavam que eu conseguisse.
Eu estava muito perto da morte, meu corpo drenado de sangue. A realização de que eu poderia ter morrido, de que quase não vi o rosto da minha filha, fez meu estômago revirar.
Então, a porta se abriu com força. Jessica entrou, o rosto tenso de raiva.
«Você nem me disse que estava em trabalho de parto!» ela gritou.
Bill suspirou. «Aconteceu rápido demais.»
«Isso não é desculpa!» Jessica sibilou.
Uma enfermeira finalmente entrou, segurando minha filha. Meu coração apertou. Mas antes que eu pudesse alcançá-la, Jessica avançou e a arrancou dos braços da enfermeira.
«Que linda menina,» Jessica disse, balançando minha filha nos braços. Sua voz estava suave, mas seus olhos tinham um brilho triunfante.
Eu alcancei minha bebê, mas Jessica não a entregou.
«Ela precisa ser alimentada,» a enfermeira disse, se aproximando.
Jessica mal olhou para ela. «Então dê fórmula.»
Eu me forcei a sentar, apesar da fraqueza em meu corpo. «Eu vou amamentá-la.»
Os lábios de Jessica se apertaram. «Mas assim você vai estar sempre levando ela de mim! Você não vai poder deixá-la comigo!» Sua voz se elevou, aguda e acusatória.
Bill finalmente interveio. Ele arrancou nossa filha dos braços de Jessica e a colocou nos meus braços.
No momento em que a segurei, eu desabei em lágrimas, tomada pelo quanto a amava. Ela era minha. Ela valia tudo.
Passaram-se apenas duas semanas desde o nascimento, mas meu corpo ainda se sentia pesado. Cada movimento me drenava. Bill havia tirado licença do trabalho para ajudar, mas ainda assim eu lutava.
Jessica, é claro, piorava as coisas. Ela vinha quase todos os dias, ignorando o meu cansaço. Ela se recusava a chamar minha filha pelo nome real. «Pequena Lillian,» ela dizia, sorrindo como se tivesse voz naquilo.
«É Eliza,» eu corrigia.
Jessica não me reconhecia nem respondia. Bill também nunca a corrigia.
Uma tarde, ela apareceu novamente, sem ser convidada. Desta vez, ela segurava um envelope nas mãos, apertando-o com força. Seus olhos brilhavam com algo inquietante. Meu estômago se revirou.
Bill franziu a testa ao pegar o envelope das mãos de Jessica. «O que é isso?»
Os lábios de Jessica se curvaram em um sorriso. «Prova. Eu sabia que Carol não era certa para você. Eu sabia que ela não era fiel.»
Meu aperto em Eliza se intensificou. Meu coração batia forte. «Que besteira é essa?» eu exigi.
Os olhos de Jessica brilharam. «Abra. É um teste de DNA.» Ela empurrou o envelope para Bill.
Os dedos de Bill tremeram enquanto ele o abria. Seus olhos percorriam o papel. Seu rosto escureceu.
Ele se virou para mim, a mandíbula apertada. «Você e o bebê precisam sair daqui dentro de uma hora,» ele disse. Sua voz estava fria. Então, sem dizer mais nada, ele saiu batendo a porta.
Eu ofeguei. Minhas pernas tremeram. «O que?! O que você fez?!» eu gritei para Jessica.
Ela cruzou os braços. «Você nunca foi digna de meu filho.»
Eu segurei Eliza mais perto. «Você queria tanto essa criança e agora quer jogá-la fora?!» Minha voz quebrou. «Esse teste nem é real!»
Jessica zombou. «Você nem me deixa levá-la porque está amamentando. Bill merece uma esposa de verdade. Uma que me dê um neto.»
A raiva explodiu dentro de mim. «Você está louca!» eu gritei.
Eu arrumei as roupas de Eliza, enfiei-as em uma bolsa com as mãos trêmulas. Minha visão se embaçou com as lágrimas.
Eu peguei minhas coisas, meu coração batendo forte no peito. Antes de sair, eu peguei a escova de dentes de Bill.
Assim que saí, o ar frio me atingiu. Meus joelhos fraquejaram. Eu segurei Eliza bem perto de mim, os soluços saindo sem controle.
Meu próprio marido—o pai dela—nos expulsou como se fôssemos nada. Ele nem sequer olhou para mim duas vezes.
Ele não fez perguntas. Ele acreditou em Jessica sem hesitar. Eu sabia a verdade.
Eliza era filha dele. Eu nunca o traí. Mas nada disso importou. Ele a escolheu a ela em vez de nós.
Eu fui para a casa da minha mãe. No momento em que ela abriu a porta, ela se assustou. «Carol? O que aconteceu?»
Eu desabei novamente. Ela me puxou para dentro, ouvindo horrorizada enquanto eu lhe contava tudo. Ela me abraçou enquanto eu chorava.
Os dias passaram. Meu corpo foi ficando mais forte. Quando eu recuperei forças, deixei Eliza com minha mãe e fui ver Bill.
Eu bati na porta, meu coração firme. Bill abriu, seu rosto sem expressão. «O que você quer?» ele perguntou.
Silenciosamente, eu entreguei-lhe um envelope. «Este é o teste de DNA verdadeiro,» eu disse. «Eu peguei sua escova de dentes. Caso você não tenha notado.»
As sobrancelhas de Bill se franziram. «Então é aqui que estava.» Ele rasgou o envelope. Seus olhos varreram a página. «99,9%,» ele leu em voz alta. Ele prendeu a respiração.
«Eliza é sua filha,» eu disse firmemente.
Bill me olhou, sua expressão mudando. «Carol, sinto muito,» ele disse. «Sinto muito por ter acreditado na minha mãe.»
Eu balancei a cabeça. «Não.»
O rosto dele se desfez. «Eu achei que não fosse minha. Mas agora que sei que é, quero que vocês duas voltem.»
Eu o encarei, minhas mãos se apertando. «Você não merece ser o pai dela. Você nunca questionou se o teste de Jessica era real. Você não parou um segundo para pensar em mim ou em Eliza. Eu fiz isso para que você soubesse exatamente o que perdeu. Por causa da sua mãe, você nos jogou fora.»
A voz dele quebrou. «Por favor. Eu vou cortar ela. Só voltem.»
Eu dei um passo para trás. «Eu vou pedir o divórcio. Quero a guarda total.»
«Carol—»
Eu me virei. «Adeus, Bill.»
Enquanto eu entrava no carro, ouvi ele chamar meu nome. Mas eu dirigi embora, sabendo que Eliza e eu ficaríamos bem.
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