Fazia três anos desde que nos cruzamos pela primeira vez no churrasco de um amigo. Eu não estava à procura de amor, mas o calor e a natureza descontraída de Jonathan me atraíram.
O que começou como conversas casuais sobre trabalho e livros logo se transformou em longas noites repletas de risadas. Conectamos instantaneamente, e em poucos meses, eu não conseguia imaginar minha vida sem ele.
Uma noite, pouco depois de começarmos a namorar, Jonathan soltou uma bomba durante o jantar.
“Abigail, tem algo que você precisa saber,” ele confessou. “Eu tenho uma filha. O nome dela é Mia, e ela tem quatro anos. Preciso que você pense se está pronta para isso. Porque se isso não funcionar para você, prefiro saber agora.”
“Uma filha?” eu repeti. “Você tem uma filha?”
A verdade é que eu não vi isso vindo. Não porque achasse que Jonathan estava escondendo algo, mas porque estávamos tão envolvidos no turbilhão de nos conhecer que isso nem sequer me passou pela cabeça.
“Ela é o meu mundo, Abigail,” ele disse. “Eu não quero que você nem ela fiquem infelizes. Se precisar de tempo para pensar sobre isso, tudo bem. Eu só… preciso ser sincero.”
Eu podia ver a vulnerabilidade em seus olhos. Sentia que ele estava se preparando para uma rejeição.
“Eu preciso pensar sobre isso,” eu disse com cuidado. “Não porque não saiba o que sinto por você, mas porque quero ter certeza de que posso dar a ela, e a você, o que merecem.”
“Isso é tudo o que posso pedir. Leve o tempo que precisar.”
Nos dias seguintes, não consegui parar de pensar nas palavras de Jonathan. Imaginava uma menina com os olhos calorosos de Jonathan e me perguntava como seria a vida dela. Ela me aceitaria ou me veria como uma intrusa? Eu estava pronta para assumir o papel de madrasta?
Quando finalmente tomei minha decisão, pedi para Jonathan me encontrar na nossa cafeteria favorita.
Quando ele se sentou, respirei fundo e disse: “Jonathan, estou nisso para valer. Se Mia faz parte do pacote, então quero conhecê-la.”
“Obrigada, Abigail,” ele sorriu, claramente aliviado. “Isso significa o mundo para mim.”
“Quando posso conhecê-la?” eu perguntei.
Jonathan riu.
“Que tal neste fim de semana?” ele sugeriu. “Ela tem perguntado sobre você desde que eu disse a ela que estava vendo alguém.”
No sábado seguinte, me vi parada na porta da casa de Jonathan, segurando um saco de biscoitos que eu tinha assado na noite anterior.
Meu coração batia acelerado enquanto ele abria a porta com Mia espiando atrás da perna dele.
“Abigail, essa é a Mia,” Jonathan disse calorosamente, se afastando.
Os olhos brilhantes de Mia me estudaram por um momento antes de ela sorrir timidamente.
“Oi,” ela disse, apertando um coelho de pelúcia contra o peito.
“Oi, Mia,” eu respondi, me agachando ao nível dela. “Eu fiz esses biscoitos para você. Espero que goste de chocolate chip.”
“Eu adoro chocolate chip!” ela exclamou, pegando o saco das minhas mãos.
A partir daquele momento, o gelo foi quebrado.
Em poucos minutos, Mia estava me mostrando seus brinquedos favoritos, me arrastando até sua sala de brinquedos e me fazendo uma chuva de perguntas. Jonathan nos observava da porta, e seu rosto me dizia que ele estava super feliz.
“Ela gostou de você,” ele disse mais tarde naquela noite, enquanto Mia cochilava no sofá.
“Eu também gosto dela,” eu disse, sorrindo. “Ela é incrível, Jonathan.”
Então, embora me tornar madrasta não fosse algo que eu tivesse imaginado para mim mesma, eu não podia negar que Mia já havia conquistado um pedaço do meu coração.
Quando Jonathan me pediu em casamento, um ano atrás, Mia soltou um grito de alegria.
“Você vai ser minha mamãe!” ela disse, me abraçando nas pernas com força.
Desde aquele momento, pensei que estávamos na mesma página, construindo uma pequena família feliz.
Avançando para hoje, eu me sentia incrivelmente feliz ao ver Mia sorrindo com seu vestido de florista.
Tudo estava indo bem até o oficiante começar a cerimônia.
“Se alguém se opuser a esta união, fale agora ou cale-se para sempre,” ele disse.
A sala caiu em silêncio, exceto pelo sutil farfalhar de alguém se mexendo na cadeira. Eu esperava que o momento passasse sem problemas. Em vez disso, a pequena voz de Mia soou, clara como um sino.
“Você não pode se casar com ela, papai!”
Um suspiro percorreu a sala, e meu coração despencou.
Eu me virei para Mia, atônita. “Querida, o que você disse?”
Mia se levantou de seu assento e olhou para Jonathan.
“Papai, não se case com ela,” ela disse. “Você já tem uma esposa.”
Eu virei a cabeça rapidamente para Jonathan, esperando uma negação imediata, mas a expressão dele refletia minha confusão.
“Mia,” ele disse suavemente, “o que você está dizendo?”
Mia apontou para a grande janela de vidro na parte de trás da sala. “Ela está ali!”
Todas as cabeças se viraram para a janela, onde uma figura sombria acenava para nós. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Quem era aquela pessoa? Mia poderia estar falando a verdade?
Eu me agachei ao nível de Mia, mantendo minha voz calma, apesar do turbilhão em meu peito. “Querida,” eu perguntei, “quem é aquela pessoa? O que você quer dizer com ‘papai já tem uma esposa’?”
Mia acenou com a cabeça.
“Essa é a esposa do papai,” ela disse com certeza.
Jonathan se aproximou da janela, apertando os olhos contra a luz que se apagava.
“Eu… eu não entendo,” ele murmurou.
“Jonathan,” eu disse. “O que está acontecendo? Quem é ela?”
“Abigail, eu juro que não sei o que Mia está dizendo. Mia,” ele disse, agachando-se ao nível dela, “querida, quem é aquela pessoa lá fora?”
Mia inclinou a cabeça, sua expressão séria, mas calma. “É a sua esposa, papai. Ela veio ao casamento.”
Eu ouvi todos suspirando em uníssono.
“Jonathan, tem algo que você não me contou?” eu perguntei.
“Abigail, não. Eu não… deixa eu ver quem é essa pessoa,” ele disse antes de caminhar para fora do altar.
Meu coração batia forte contra meu peito enquanto eu ficava ali.
Os murmúrios na sala aumentaram enquanto ele saía e fechava a porta atrás dele.
Através da janela, eu mal consegui distinguir Jonathan falando com a figura. Observei enquanto sua linguagem corporal mudava de tensa para… seria isso diversão?
Olhei para Mia, que agora estava sentada calmamente como se não tivesse acabado de virar a cerimônia de cabeça para baixo.
Minutos depois, a porta rangeu ao abrir, e Jonathan voltou, sorrindo. Ao lado dele estava um rosto familiar.
Era Dani, a ex-nanny de Mia, segurando algo nas mãos.
Minha confusão aumentou. “Dani?” eu exclamei, minha voz subindo um pouco. “O que você está fazendo aqui?”
Dani deu um passo à frente, seu sorriso combinando com o de Jonathan enquanto ela levantava um ursinho de pelúcia rosa.
“O que isso significa?” eu perguntei, olhando entre os dois.
Jonathan riu, balançando a cabeça como se não acreditasse na situação.
“Abigail,” ele disse, apontando para o ursinho, “conheça a Mrs. Fluff.”
“O quê?” eu perguntei, me sentindo ainda mais perdida do que antes.
“Mrs. Fluff,” Jonathan disse, olhando para Mia. “Quando Mia tinha três anos, ela decidiu que esse ursinho era minha esposa. Era um joguinho que a gente brincava, onde ela me casava com o ursinho e a gente ria. Eu não pensava nisso há anos.”
Mia aplaudiu, encantada.
“Ela é sua esposa, papai! Você não pode casar com a Abi se já for casado com a Mrs. Fluff!”
Dani riu, claramente tentando conter a diversão. “Mia tem assistido vídeos de pegadinhas no YouTube. Ela queria fazer uma ‘surpresa no casamento’, e eu não consegui resistir em ajudar. Além disso, a Mrs. Fluff merecia um retorno.”
A sala explodiu em risadas enquanto Dani terminava sua explicação.
Os convidados que estavam sussurrando confusos momentos antes agora enxugavam as lágrimas de tanta risada.
Eu olhei para Mia, que estava sorrindo.
“Mia,” eu disse, lutando contra o impulso de rir e repreender ao mesmo tempo, “você tem ideia de como você me assustou?”
“Foi engraçado, Abi!”
Jonathan a pegou no colo, balançando a cabeça, divertidamente.
“Senhorita,” ele começou. “Você tem muita explicação para dar.”
Mia riu, abraçando o pescoço dele. “Papai, você não está bravo, está?”
Jonathan beijou sua testa e suspirou. “Como posso estar? Mas nada de pegadinhas em casamentos, tá?”
“Tá,” Mia disse docemente, embora o brilho travesso nos seus olhos me fizesse perguntar quanto tempo essa promessa duraria.
Olhei para Dani, que estava casualmente encostada na parede, claramente curtindo o caos que ela ajudou a criar. “Dani, você tem sorte de isso ter sido engraçado. Eu quase comecei a chorar.”
“Eu sei, eu sei,” Dani disse, levantando as mãos em rendição falsa. “Mia está planejando isso há semanas. Ela ficava dizendo, ‘O papai vai ficar tão surpreso!’ e eu não consegui resistir. Além disso, a Mrs. Fluff merecia fazer um retorno.”
Foi quando o oficiante cleared a garganta.
“Vamos continuar, agora que o ‘primeiro casamento’ foi resolvido?” ele perguntou.
Jonathan colocou Mia delicadamente de volta em seu assento e se virou para mim.
“Você está bem?” ele perguntou suavemente.
Eu sorri, apertando sua mão. “Pergunte de novo depois dos votos.”
A cerimônia continuou, e embora o dia não tenha acontecido exatamente como planejado, foi inesquecível. Enquanto trocávamos as alianças, olhei para Mia, que me fez um sinal de positivo travesso de seu assento.
Mais tarde, quando Jonathan e eu dançávamos, eu me inclinei e sussurrei: “Sabe, esse pode não ter sido o casamento que eu imaginei, mas acho que foi até melhor.”
Ele sorriu, girando-me suavemente. “O que posso dizer? A vida com Mia sempre vai ser um pouco imprevisível.”
“E muito divertida,” eu acrescentei, enquanto via Mia dançando com Dani no meio da pista, ainda segurando a Mrs. Fluff.