Quatro anos depois do desaparecimento do meu marido, um cão entregou o casaco que usava quando desapareceu

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Quatro anos depois do desaparecimento de seu marido durante uma caminhada sozinho, Maggie já havia aceitado sua perda. Mas quando o velho cachorro da família reapareceu, carregando o casaco de seu marido na boca, Maggie o seguiu pela floresta, descobrindo uma verdade que ela jamais poderia imaginar.

Ainda me lembro do dia em que Jason partiu, quatro anos atrás. Ele estava deprimido há alguns meses e era a primeira vez em muito tempo que o via tão empolgado, inquieto. Ele disse que precisava de um tempo na natureza, sozinho. “Só eu e o Scout”, disse ele, coçando as orelhas do cachorro enquanto nossas crianças riam.

“Tem certeza de que não quer companhia?” perguntei, segurando nosso filho Benny, que na época tinha dois anos, enquanto Emily, de quatro anos, se agarrava à minha perna. Jason apenas sorriu e balançou a cabeça. “Não, volto antes que você perceba. Prometo.”

Mas ele nunca voltou.

No começo, pensei que ele tinha se perdido. Talvez machucado. As equipes de busca continuaram tentando encontrá-lo. Nossos amigos, nossos vizinhos, todos apareceram para ajudar, chamando seu nome, procurando pelas montanhas. Parecia surreal, como um pesadelo do qual não conseguia acordar. Mas os dias viraram semanas, e as equipes de busca começaram a me olhar com pena, como se já tivessem decidido.

Eventualmente, disseram: “Fizemos tudo o que podíamos.”

As pessoas começaram a dizer coisas como: “Você é forte, Maggie” e “Você vai ficar bem.” Mas cada palavra parecia vazia. Jason não estava apenas desaparecido; ele estava morto. Após meses, o declararam legalmente morto. Eu odiava essas palavras, mas o que eu podia fazer? A vida tinha que continuar. Ao longo dos anos, pequenas coisas mantinham Jason vivo em nossa casa: suas velhas botas de caminhada perto da porta, sua caneca de café com um lascado na borda, o cachecol de lã que ele adorava. As crianças às vezes perguntavam sobre ele, e eu contava histórias, tentando manter viva a memória dele.

Às vezes, tarde da noite, quando a casa estava silenciosa, eu me permitia lembrar. Perguntava se poderia ter feito algo diferente naquele dia, talvez convencê-lo a ficar.

Então, uma tarde, tudo mudou.

Era um sábado tranquilo, ensolarado, com uma brisa leve. Eu estava deitada em um cobertor no quintal, observando as crianças brincarem, sentindo uma rara sensação de paz.

Do nada, algo mexeu perto dos arbustos. Eu estreitei os olhos, achando que era um esquilo ou talvez um dos gatos dos vizinhos. Mas então vi um cachorro, magro e esfarrapado, caminhando lentamente em minha direção.

A princípio, não o reconheci. Mas quando olhei mais de perto, meu coração pulou. “Scout?” sussurrei, mal acreditando. Ele estava mais velho, mais magro, com o pelo sujo e embaraçado, mas era ele.

“Scout!” chamei mais alto, me sentando, mal respirando. O cachorro parou, olhando para mim com olhos cansados. Na boca, ele carregava um casaco verde, esfarrapado e desbotado.

Eu soube instantaneamente. Eu o havia lavado tantas vezes, visto ele usar em tantas caminhadas. Não conseguia acreditar. Senti todo o meu corpo se tensionar, congelada entre o choque e a esperança.

“Scout, de onde você veio?” sussurrei, me aproximando dele. Mas assim que estendi a mão, Scout virou e começou a trotar para longe, desaparecendo nas árvores.

“Não—Scout, espere!” chamei, mas ele não parou. Algo dentro de mim disse para seguir, mesmo sem saber para onde ele estava me levando.

“Crianças, fiquem aqui! Não se movam!” Peguei meu telefone e as chaves do carro, minhas mãos tremendo. “Mamãe já volta, prometo.”

Emily olhou para cima, preocupada. “Para onde você vai, mamãe?”

“Eu… Eu só preciso verificar algo, querida,” consegui dizer, minha voz quase instável. Ela assentiu, seus olhos grandes me observando enquanto eu corria atrás do cachorro.

Scout manteve um ritmo constante, me guiando pelo limite do nosso bairro e entrando na floresta. Eu lutava para acompanhar, me abaixando sob galhos, escorregando em folhas úmidas. Meu coração batia forte enquanto corria, uma mistura de esperança, medo e descrença me impulsionando.

“Scout, devagar!” chamei, mas ele permanecia um pouco à frente, me guiando mais e mais fundo na floresta.

Scout fez uma pausa breve, olhando para trás para ter certeza de que eu ainda estava lá. Seus olhos pareciam dizer: Continue.

Eu não saberia dizer quanto tempo estava caminhando. Minhas pernas doíam, cada passo mais pesado que o anterior, e a floresta parecia interminável, se torcendo ao meu redor como se quisesse me perder. Scout continuava olhando para trás, me incentivando, como se estivesse tão desesperado quanto eu.

E então, quando a luz começou a desaparecer, eu vi.

A cabana estava baixa e silenciosa, se misturando ao grosso da floresta. Estava tão escondida que você perderia se não soubesse onde procurar. Fumaça se dispersava suavemente de uma fogueira ao ar livre, e uma linha improvisada de roupas estava esticada entre duas árvores. Havia pegadas no barro do lado de fora. Havia alguém ali.

“Jason?” sussurrei, minha voz quase inaudível. Meu coração batia forte, minha boca seca. Isso não podia ser real.

Com a respiração presa, me aproximei da janela. E lá, dentro, se movendo como se nunca tivesse saído, estava Jason.

Ele parecia… diferente. Seu cabelo estava longo e bagunçado, uma barba espessa cobrindo metade de seu rosto. Ele parecia selvagem, como se tivesse vivido ao ar livre por meses. E ele não estava sozinho.

Uma mulher estava com ele, em pé perto dele, sua mão tocando seu braço. Seu cabelo estava emaranhado, e suas roupas pareciam remendadas e gastas. Ela estava ali como se fosse seu lugar, como se essa fosse sua casa. Como se ele fosse sua casa.

Minha mão foi à boca enquanto abafava um suspiro. Minha mente corria, tentando entender o que eu estava vendo. Não. Não, isso não é real. Mas a cada segundo que eu ficava ali, olhando através daquela janela suja, a verdade afundava mais fundo.

Empurrei a porta, sentindo uma força que eu não sabia que tinha. Ela rangeram alto, e ambos se viraram para mim, seus olhos se alargando de surpresa. A boca de Jason se abriu, seus olhos indo de mim como se eu fosse um fantasma.

“Maggie…” ele respirou, sua voz calma, muito calma, como se estivesse esperando por mim.

“Jason.” Minha voz vacilou, mas eu mantive seu olhar. Olhei para a mulher, depois de volta para ele. “O que é isso?” Meu coração parecia quebrar de novo. “Onde você estava?”

Ele olhou para a mulher ao seu lado, que apenas ficou lá, olhando para mim como se eu fosse a errada. “Eu estava… preso, Maggie. Aquela vida não era eu. Aqui fora, sou livre. Eu posso respirar. Encontrei algo real, algo que eu não poderia ter… lá.” Ele fez um gesto vago para a floresta, como se aquela fosse sua nova vida.

Eu o encarei, mal conseguindo compreender. “Você nos deixou,” disse, sentindo minha voz falhar. “Você deixou seus filhos, Jason. Eles acham que você está morto. Eu pensei que você estivesse morto.”

Ele olhou para baixo, esfregando a nuca. “Eu… eu sei que é difícil ouvir. Mas agora eu sou um com a natureza. Sarah e eu… construímos uma vida. Uma vida simples, mas significativa.” Suas palavras soavam vazias, automáticas, como se ele tivesse se convencido dessa história tantas vezes que acreditava nela.

Eu dei um passo para trás, sentindo a raiva transbordar. “Então é isso? Você apenas abandona tudo? Sua família? Você nem tentou nos avisar que estava bem?”

Ele fechou os olhos, suspirando profundamente, como se eu fosse a causadora de sua dor. “Maggie, você não entenderia. Aquela vida parecia uma prisão. Agora, estou vivendo ao máximo.”

“Uma prisão?” repeti, minha voz mal acima de um sussurro. “Era isso o que éramos para você?”

“Talvez, se você não fosse tão obcecada pela sua maldita tecnologia, poderia vir adorar a natureza como nós fizemos,” Sarah sibilou, me olhando como se eu fosse uma lunática.

Jason abriu a boca para falar, mas eu levantei a mão, interrompendo-o. Eu não queria ouvir. Não queria ouvir suas desculpas vazias ou ouvir como ele se sentia “livre” agora. Eu queria gritar, chorar, contar-lhe o quanto ele destruiu nossas vidas.

Mas olhando para sua expressão vazia e distante, eu sabia que não importaria. Ele já havia tomado sua decisão há muito tempo.

Sem dizer mais uma palavra, virei as costas e saí daquela cabana. Não olhei para trás. Eu não precisava. O Jason que eu amava se foi. Talvez ele já tivesse partido muito antes daquele dia em que desapareceu, e eu fui a última a perceber.

A caminhada de volta parecia mais longa, mais pesada. Cada passo era mais um lembrete de que eu estava deixando para trás uma parte da minha vida, uma parte que eu nunca recuperaria. Mal percebi as árvores, as sombras crescendo, a dor nas minhas pernas. Minha mente estava entorpecida, meu coração vazio.

Em casa, não perdi tempo. Na manhã seguinte, entrei direto no escritório de um advogado, mal conseguindo dizer as palavras, mas sabendo que precisava.

“Eu quero o divórcio,” disse, minha voz mais forte do que eu me sentia. “E quero pensão alimentícia. Se ele tiver algum bem, meus filhos merecem.”

O advogado assentiu, olhando para mim com simpatia. “Vamos garantir que você e seus filhos sejam bem cuidados, Maggie.”

Ao sair, uma calma estranha me envolveu. Passei anos esperando, lamentando e me perguntando se Jason voltaria. Mas finalmente entendi que ele não voltaria, e mesmo que voltasse, ele não era mais o homem que eu amava.

Agora era minha vez de escolher. Eu precisava fazer uma vida para meus filhos, baseada em amor, estabilidade e honestidade. Jason tomou um caminho, mas eu tomaria o meu. E eu nunca olharia para trás.

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